Quarto da Kitty

Alex que passeava pelo corredor um tanto quanto entediado, ao ver uma porta e ver que um feixe de luz passava por de baixo dela indicando que havia vida além daquela porta de madeira, sem pestanejar foi de encontro a mesma e bateu algumas vezes contra a mesma.

§ Kitty encontrava-se confortavelmente deitada em sua cama, enquanto folheava algo que parecia ser um livro de estudos. Ao ouvir as batidas, porém, ergueu-se num pulo e logo correu para a porta, acreditando que fosse alguém conhecido, de maneira que não se preocupou em atravessá-la completamente com sua cabeça. No entanto, era um desconhecido que estava do outro lado, o que a fez morder os lábios por alguns minutos, antes de fazer um gesto rápido com a mão.§

- Uou... e ai, tudo em cima?

Alex sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo, pasmo ele deu um passo para trás tropeçando e caindo sentado no corredor, porém tudo aquilo passou em questão de segundos e ele levou o palmo destro até sua face impactando-a com força, vulgo facepalm.

—Você é mutante né ? Por alguns segundos eu pensei que você era um fantasma, que nem o fantasma que tinha no sótão do meu avô, ufa, ainda bem, essas coisas de fantasmas me assustam.

Ele se levantou e bateu suas vestes corriqueiras, um casco leve de flanela, suas calças jeans e seus tênis marrons meio gastos até.

—Prazer, Alex Crowlie.

§ Via o rapaz se estabacar no chão e de alguma forma aquilo a fez rir, levando em seguida suas mãos aos lábios para não ser muito descortês.§

- Não... imagine, estou aqui para passar as férias, apenas isso. Mas respondendo a sua pergunta, sim, sou uma mutante. Tadã!

§ E fez seu corpo inteiro atravessar a porta, numa pose teatral, antes de constatar.§

- Também duvido muito que fantasmas existam. Eu nunca vi um, pra ser sincera. Ahn, sou Katherine... mas pode me chamar de Kitty, todo mundo me chama assim.

§ Estendia a mão direita para ele, esperando que este a apertasse quando acabasse de se limpar.§

- Ahn... e desculpe ter te assustado, também, pensei que fosse outra pessoa.

—De onde eu vim só tinha bizarrice, e pensando bem nós somos bizarrices também.

Alex apertou a mão da garota garota e abriu um sorrisinho de canto.

—É nova aqui? Eu cheguei recentemente queria conhecer o diretor mas acho que estou com preguiça pra fazer isso agora, aliás, eu ganhei um uniforme colante, você recebeu um também?

Sem cerimônia Alex abriu a porta do quarto e foi entrando no recinto, observou o quarto e puxou uma cadeira que estava próxima e se sentou sobre ela.

—Quarto legal, aliás seu poder deve ser bem prático, eu poderia simplesmente andar em linha reta e cortar caminho de muita coisa.

- Olhando por esse ângulo... faz muito sentido, até. De onde você vem?

§ Incrivelmente a mão dele conseguiu segurar a dela numa boa, mas ele não deveria ter levado isso em consideração. Kitty sorriu, amistosa, e negou com a cabeça veemente.§

- Na realidade, sou uma aluna antiga. Estou aqui desde os quatorze anos. Você vai gostar do Charles, ele é um cara legal. E quanto ao uniforme...

§ Virou-se para trás, como se pudesse ver através da porta do quarto e do próprio armário onde guardava o seu.§

- É... super-hiper-mega colante.

§ Via o garoto passar por ela e entrar folgadamente no seu quarto, o que fez ela inflar as bochechas e cruzar os braços.§

- Ei! Não vai entrando no quarto dos outros sem permissão, ora essa! Mas sim... é algo prático, mas tem suas desvantagens.

—Pensando bem, acho que o uniforme colante pode ser bem legal, se é que me entende.

Ele mexeu as sobrancelhas de forma sugestiva enquanto olhava para Kitty, até que deixou a risada que tentava conter escapar.

—Tô brincando, esse uniforme vai ficar legal em você, mas com certeza não vai ficar bom em mim, e me diz ai, quais as desvantagens então?

§ Observou-o rir por algum tempo, seu raciocínio trabalhando lentamente por algum motivo. Na verdade, ela sacava as coisas muito rápido, mas estava meio com sono naquele momento. O entendimento sobre o que ele havia dito fez com que ela risse, em vez de corar e tacar algo na cabeça dele, como uma garota qualquer faria.§
- Oh... definitivamente não foi muito legal da primeira vez que usei, mas com o tempo a gente se acostuma.
§ Um breve estremecimento passou pelo corpo dela, antes que respondesse a outra pergunta.§
- Não dá pra respirar quando estou na forma intangível, então ficar muito tempo de um único lugar é impossível. E alguns metais... mais densos, eu diria, causam uma certa... dor de cabeça.

—Uau, eu esperava um tapa, mas tá valendo haha.

Ele sacou sua caneta preta do bolso do casaco e começou a girar ela em volta de seu polegar com grande maestria.

—Wow, que penalidade, dor de cabeça é complicado, e ficar sem respirar também, já imaginou ficar presa dentro de uma parede, sinistro.

§ Controlava momentaneamente o riso para olhar bem na direção dele, piscando logo depois.§
- Bater? Por que, foi apenas uma piada. Mas tenho certeza que se fazer ela a qualquer outra moça daqui, você vai apanhar. E pelo que eu saiba as outras meninas não atravessam corpos.
§ Coçava ligeiramente a cabeça, não querendo nem pensar em tal situação.§
- Deve ser terrível. Argh. Como ser enterrada viva, não que isso realmente me preocupe, mas... você me entendeu. Ahn, tem isso dos poderes se descontrolarem no meio da noite e eu acordar na sala de jantar.

—Pelo lado positivo você pode pegar algo pra comer antes de voltar pro quarto.

Alex deu um risinho e parou a caneta, tirou sua tampa e deixou sua ponta encostada sobre um papel surrado que tinha arrancado do bolso a poucos segundos.

—Me diz ai, o que você gosta? Tipo, animais, coisas objetos, e o que gosta de fazer no tempo livre também.

Robert estava simplesmente caminhando pelo corredor do dormitório feminino - acabado de sair de um dos quartos depois de devolver um livro de ciências para uma colega - até que murmúrios abafados num quarto chamaram-no atenção o suficiente para perceber que ele não havia visitado nem conhecido por aí a garota cujo nome que estava sobre a porta no quarto. Por isso, ele apenas se aproximou e, rapidamente, deu algumas batidas na porta.

- Hum... verdade, mas imagine cair numa mesa cheio do café da manhã. Nada muito legal.
§ Observara com certa curiosidade os movimentos dele, principalmente o papel que havia retirado do bolso, logo imaginando o que estava prestes a fazer. Pensou por alguns segundos, antes de respondê-lo, com simplicidade.§
- Hum. Eu gosto de gatos. E acho dragões legais. E... gosto de ler.
§ Ela apontava para as estantes lotadas de livros, como se isso fosse uma coisa óbvia, e depois disso virou-se em direção a porta, onde alguém batia, desta vez abrindo-a normalmente. Seus olhos pararam no rapaz que não se lembrava de conhecer, e Kitty estreitou os olhos.§
- Nossa, estou muito requisitada hoje. Olá! Posso ajudar?

Assim que Alex ouviu sobre os gostos da garota, ele desenhou no papel com sua caneta um gato preto e sem demora a figura saltou do papel surrado, o gato era tão real e perfeito quanto qualquer um que você veria na rua, ele deu alguns passos no quarto e sentou sobre a cama de Kitty.

—É melhor eu começar com coisas mais simples há.

Ele soltou um risinho e levou o olhar ao rapaz que tinha batido a porta seus olhos focaram nele por pouco tempo logo voltando a ter foco nas "costas" da garota, se é que você me entende.

—Isso por que você nem tá com o uniforme, se tivesse então, há há.

Quando a porta foi aberta, o garoto de olhos extremamente azuis fixou suas íris na menina que surgira ali, ajeitando muito sutilmente o casaco quadriculado azul-marinho de gola levantada que estava sobre uma camisa branca bordada com um desenho que representava muito bem as moléculas químicas da cafeína.
Ele enfiou uma das mãos nos bolsos do jeans preto que usava, usando a outra para afagar levemente seus cabelos loiros espetados para cima, antes de entreabrir os lábios para falar:

- Hã, ah, er...- Robert disfarçou aquela engasgada fenomenal com um pigarreio.- Ei, tudo bem? Eu tava só passando aqui e percebi que nunca vi ninguém chamada Kitty antes, não que seja um nome ruim, na verdade é muito bonito, mas é... eu tô tendo um tempo livre agora e eu sou novo aqui, sabe?

Ele sorriu, meio sem jeito, mas ainda assim gentilmente e estendeu uma das mãos para a garota.

- Sou Robert Drake, mas você pode me chamar de Bobby. É um apelido que todo mundo me dá e é legal.- só então, ele se deu conta, ao olhar por cima dos ombros da garota claramente mais baixa que ele, o outro rapaz que estava dentro do quarto e sentado na cama da garota.- Eu espero não estar atrapalhando nada...

§ Ela observava interessada enquanto o outro desenhava, parecia que era algum tipo de arte comum, até o gato literalmente sair da folha de caderno e sentar em sua cama, miando baixinho.§
- Oh! Que coisa mais fofa! Espera, você acabou de fazer um ser vivo aparecer de um desenho?
§ Seu choque foi deixado de lado para que ela desse atenção ao outro rapaz, de maneira que não conseguiu prestar muita atenção no que Alex dissera depois, o que talvez fosse ótimo pra ele.§
- Hum... mas eu não me chamo Kitty... assim, de verdade, é apenas um apelido. Ah, um novato? Que legal. Parece que chegaram muitos alunos novos nos últimos dias.
§ Sorriu de volta, apertando a mão que o jovem lhe estendia, ela parecia ser extremamente amistosa.§
- Prazer, Booby... eu sou a Kitty, como já sabe. E não, não está atrapalhando nada, o Alex está apenas me mostrando o poder dele de fazer coisas vivas pularem de seu caderno. - Olhava em direção a Alex, como se esperasse que ele confirmasse.- Ou... seja lá que nome dão para isso. Que nome dão para isso?

—Realidade artística é nome, prazer em conhece-lo Bobby, é Bobby mesmo né? Eu sou Alex Crowlie, mas pode me chamar só de Alex.

Alex desenhou no verso do papel um óculos escuro, o óculos se tornou real caindo no palmo esquerdo do rapaz que sem demora o levou e o deixou repousado na altura dos olhos.

—Basicamente eu faço o que eu quiser, um grande poder, nas mãos de um cara tão preguiçoso e folgado como eu.

- Ser vivo aparecer de um... quê?- o cenho dele franziu, enquanto ele olhava do gato para a garota e vice-versa, meio confuso ao tentar se enturmar no assunto.- Ah, sim, então é um apelido muito bonito também. E você tem razão, chegaram muitos novatos sim. Achei que você era uma também, por um momento, Kitty.

Coçou a nuca muito brevemente, se sentindo esclarecido o suficiente para sorrir quando Kitty explicou.

- Ah, tá, realidade artística? Que demais. Ah, prazer, Alex.- só então ele se lembrou de dizer.- Esses desenhos não tem prazo de validade ou algo assim? Eles não dependem mais da sua energia ou poder quando saem do papel?

§ Fazia um sinal para Booby entrar, enquanto saltava na cama para pegar o gatinho, que logo pulou por cima de sua cabeça e enfiou-se de baixo do movel. Suas bochechas voltaram a inflar, parecia uma boa forma de perceber que ela estava chateada com algo.§
- Ahn... que saco. Bom, eu acho que é um poder legal, né? Tipo, se estiver com fome você pode simplesmente desenhar algum tipo de comida.
§ A garota fez seu corpo atravessar o colchão ainda em busca do gato, enquanto respondia a Booby.§
- Sim, sim, obrigada! Não... estou aqui a... uns dois anos, mais ou menos. - ela parou de falar ao tentar agarrar o gato de novo, sem sucesso nenhum.

—Eu tenho minhas limitações, dentro de um dia eu tenho uma quantia de coisas que posso deixar permanente, objetos são bem simples na verdade o duro é manter as vidas "vivas".

Alex ajeitou os óculos escuros estilosos e cruzou os braços brevemente.

—Bem... tecnicamente eu posso sim dar gosto aos meus desenhos mas é como comer papel no final, ou seja nada saudável.

- Saquei. Deve ser cansativo, mas ainda é legal.

Adentrou o quarto assim que divisou o gesto de Kitty, fechando a porta ao passar.

- Se você desenhar um McDonald, então com certeza vai ser mais nutritivo comer o papel.- ele brincou, prestes a falar outra coisa, mas sua boca meio permaneceu entreaberta quando ele viu o corpo de Kitty simplesmente traspassar o colchão, à procura do tal gato.- Wow...

Viu o gato sair correndo para detrás da cômoda, e riu.

- Acho que ele é mais escorregadio que você, Kitty. Dois anos, você disse? Deve conhecer isso aqui como a palma da sua mão.

§ Algo nas palavras de Alex fez com que ela levanta-se a cabeça imediatamente para fitá-lo.§
- Mas... mas... meu gatinho vai morrer?
§ A ideia pareceu abalá-la profundamente, ignorando-se o fato de que mal conhecia de fato o dito gato, e ela sentou na cama, deixando-o escapar para trás da cômoda.§
- Por que não avisou antes, poxa vida... é uma pena. Venha aqui, gatinho, gatinho...- seus olhos voltaram-se dessa vez para Booby e ela abriu um mínimo sorriso de concordância. - Basicamente, conheço esse lugar de cabo-a-rabo... e bem, antes de você ter um surto em me ver atravessar as coisas, não sou um fantasma, sou um mutante mesmo, okay?

O papel surrado nas mãos do rapaz era apenas um capricho, ele não precisava dele para dar vida as suas criações.

—Não, ele vai ficar vivo mas se quiser eu posso dar um jeito nele.

Ele soltou um suspiro breve e após alguns segundos um lampejo de criatividade passou na mente do rapaz fazendo-o com que tivesse ideias legais o suficiente para resultarem em uma luva-bugiganga, que tinha serras elétricas embutidas, lasers e um toca fitas além é claro dela ter o formato medieval de manopla.

—Então, eu posso dar um jeito... se você quiser é claro.

Alex soltou um risinho e atirou a luva grotesca pela janela da garota, o som que a luva fazia ao cair da janela já era esperado, porém ele veio acompanhado de um grito.

—AAAAAAAAAAAH! MEU BRAÇO!

—Opa...

(Desculpem a demora, eu tenho déficit e pensei que era a vez da Amenartas, mas era a minha euheuhe)

- Que triste.- ele disse num suspiro um tantinho forçado.- Mas calma, a gente pode fazer um memorial pro gatinho.

Dito aquilo, o garoto apenas apontou o indicador para o chão à sua frente.
Uma rajada meio azulada, meio transparente, saiu disparada de seu dedo e, ao encostar no chão, ela simplesmente se acumulou metodicamente até formar um belo e extremamente frio gato de gelo.

- Tudo bem, Kitty, eu não ia te chamar de fantasma... mas seu poder te faz parecer um, sim, só que tipo o Gasparzinho.- ele sorriu, trocista.- Todos nós somos mutantes, afinal, né?

A pergunta foi mais uma afirmação que uma indagação propriamente dita, e ele se voltou a Alex, assoprando o mesmo indicador que havia usado para moldar aquele gato congelado, e uma fumaça esbranquiçada escapou por seus lábios, mas foi breve.
Estava pronto para falar algo, até que ouviu o grito lá embaixo...

- Cara, acho que você arrancou o braço de alguém... disfarça.